Fonte: GE
Time de Bangu pode conquistar neste sábado o segundo acesso em dois anosPor Leandro Santiago
A zona oeste do Rio tem duas referências no futebol profissional. Uma delas é o Campo Grande, campeão da Taça de Prata em 1982, do bairro que leva o mesmo nome. Ali perto, no abafado bairro de Bangu, tem o time homônimo. O Bangu já é figura tradicional na elite do futebol do Rio e frequentemente aparece na Série D do Brasileiro. E há um pouco mais de 1 quilômetro de distância de Moça Bonita, está um clube desconhecido até mesmo para os amantes do futebol. Fundado em 1933, o Ceres Futebol Clube enfrenta neste sábado o Pérolas Negras no estádio Nivaldo Pereira, pela decisão da Taça Waldir Amaral, o segundo turno da Série B2, a terceira divisão do futebol estadual. Se vencer, se classifica para as semifinais gerais e conquista vaga para a Série B1, o segundo acesso em dois anos.
Mas para sair desta trajetória de altos e baixos que tanto norteou a história profissional do clube, iniciada em 1988, a semente foi plantada em 2018, quando o clube decidiu deixar de lado algumas das caracterísicas mais marcantes de um clube pequeno do futebol carioca. A principal delas: a alta rotatividade de jogadores.
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Manter a base por três anos seguidos foi uma das chaves do Ceres — Foto: Ramon Paschoal
- Trouxemos atletas que não tinham oportunidades em alguns clubes. Dissemos a eles que só tinham chance de sucesso se ficassem aqui de 3 a 5 anos. Não adiantava fazer um contrato de 4 meses e procurar outros clubes, relembrou o diretor de futebol Winston Soares. No total, 12 jogadores da discreta campanha na Série C de três anos atrás permanecem no clube até hoje. A semente plantada na Rua da Chita deu fruto no ano seguinte, com o título da Série C sobre o Campo Grande, um dos rivais da zona oeste. Na B2 de 2020, vieram os problemas extra campo típicos do futebol dos pequenos do Rio. O abandono de investidores e uma derrota por W.O devido a falta de testes da Covid levavam a crer que o Ceres faria uma campanha meramente de manutenção. O que não fazia parte dos planos de Leandro Silva, novo técnico do clube.

Com a chegada de Leandro Silva, clube arrancou rumo a final da Taça Waldir Amaral — Foto: Christian Fuentes
- A postura da equipe ficou bem diferente. Depois da derrota para o Pérolas, na primeira rodada do segundo turno, tivemos 5 vitórias e dois empates nos jogos restantes. Ele mexeu muito com o elenco. A motivação foi outra, disse Christian Fuentes, o assessor do clube.
Para Leandro, não teve um "efeito professor". "Eles passaram a ter um nível de concentração muito grande. Vieram os jogos, as vitórias e a confiança aumentou", afirmou. "É uma característica muito forte de família aqui".
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Eduardo da Silva com a camisa do Ceres. Registros que poderiam garantir um dinheiro ao clube se perderam no fogo — Foto: Divulgação
Justamente o sentimento familiar é o que ajuda a manter o Ceres. Apesar de tentar ser um pouco diferente dos clubes da B2, a falta de dinheiro o persegue muitas vezes. É quando a diretoria precisa correr atrás de torcedores e do comércio da zona oeste para se sustentar. O apoio de uma universidade particular também é um oxigênio nas contas. O mecanismo de solidariedade da Fifa, que prevê uma porcentagem para clubes formadores poderia ajudar o Ceres no caso de Eduardo da Silva, atacante que jogou a Copa de 2014 pela Croácia. Mas um incêndio na Ferj devorou as súmulas que provam que brasileiro-croata passou pela Rua da Chita. Também não ajudou o atacante Pedro, que apenas jogou competições não oficiais pelo clube.
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Pedro (segundo agachado da esq. para a dir.) jogou torneios não oficiais em 2012 pelo Ceres — Foto: Divulgação
E nesse percalços pelos campos do Rio, um nome se destaca: o goleiro Leo Flores, de 41 anos, detentor de seis passagens pelo clube.
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Leo Flores: mistura de goleiro e torcedor na meta do clube — Foto: Tobias Clicks
- Ano passado voltei para ajudar e ganhamos o título carioca. Tenho um carinho muito grande pelo clube. Mais do que torcedor, eu sou apaixonado. Já deixei de jogar em clubes de maior expressão pra jogar pelo Ceres, afirmou o goleiro.
Leo já adiantou que uma vitória ou uma derrota não será o fim da carreira. Ele deixa o Ceres para mais andanças pelo futebol. Mas garantiu que o Ceres será o último clube. Resta saber em qual divisão do futebol do Rio.
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